
Foram presos na manhã desta quinta-feira (8), o vereador e médico Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, e a namorada Monique Medeiros, indiciados por homicídio duplamente qualificado, do menino Henry Borel, de 4 anos.
O crime bárbaro, que comoveu o país, aconteceu no dia 8 de março, no apartamento em que Monique, mãe da criança, vivia com Dr. Jairinho, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
O laudo de exame de necrópsia de Henry aponta hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente, ou seja, agressiva. O menino apresentava múltiplas equimoses, manchas roxas no abdômen, infiltração hemorrágica na cabeça, contusão pulmonar, hemorragia interna e lesões no fígado.
Para a perita e médica pediatra, Adriane Rego, uma queda de uma altura baixa não causariam tantos ferimentos. “Pra provocar essa quantidade de lesões, essa gravidade de lesões, o impacto tem que ser muito grande. Um impacto muito grande, necessita de uma força muito grande. Então não é usual de alturas baixas, a não ser que venha de uma altura baixa já com alguma velocidade”, explica a médica legista.
Sobre o crime
De acordo com o pai de Henry, o engenheiro Leniel Borel Medeiros, no dia 7 de março entregou a criança para a mãe, após passarem o final de semana juntos. Ele conta que ao aproximar o horário de entregá-lo para a mãe, Henry ficou muito nervoso e vomitou, algo que acontecia quando ele ficava muito nervoso. Ao conversar com Monique a criança o agarrou e não queria deixá-lo ir embora.
Na madrugada, por volta das 4h30, ele recebeu uma ligação de Monique informando que o filho estava desacordado e tinha dificuldades para respirar, por isso o levaria ao hospital. “Eu até me martirizei pensando que aquele nervosismo dele, da entrega, causou a morte do menino. Alguma coisa de coração. E depois eu vejo que foi algo agressivo, algo que pode ter machucado muito meu filho, ele pode ter sofrido muito naquele dia”, declara Leniel.
Segundo Leniel, ao chegar ao hospital Barra D’Or, foi informado pelo casal de que ouviram um barulho estranho no quarto em que a criança dormia, e quando foram verificar o que estava acontecendo encontraram o menino no chão, com os olhos virados e dificuldades para respirar.
Em entrevista, Leniel disse que Jairinho é um homem frio, e que não demonstrou remorso pelo ocorrido. Ele conta que ao receber a notícia da morte do filho, Jairinho chegou perto dele e o aconselhou a fazer “outro filho”, e seguir a vida.
“Deixei o meu filho perfeito naquela noite e, horas depois, ele estava morto, inchado, num hospital. E ainda queriam que eu achasse isso completamente normal”, desabafa.
A prisão
Dr Jairinho e Monique foram presos temporariamente, suspeitos de tentar atrapalhar as investigações e ameaçar testemunhas para combinar versões. Para o delegado Henrique Damasceno, da 16ª DP (Barra da Tijuca), responsável pela investigação da morte do menino Henry, Dr Jairinho foi o autor das agressões que mataram a criança, e que Monique foi conivente.
Durante entrevista coletiva, o delegado disse que a investigação começou com um laudo da necropsia que mostrou múltiplas lesões no menino. Em depoimento, o padrasto e a mãe, deram a entender que eram uma família perfeita, que viviam em harmonia e que não haviam agressões.
De acordo com prints extraídos do celular da mãe, que foram apagados por ela, mas recuperados com a ajuda de um equipamento especial, mostram que Monique já tinha conhecimento das agressões, por meio de relatos da babá. Em um dos prints, no dia 2 de fevereiro, a babá informa que o menino estava trancado no quarto com o padrasto, e que ao sair estava mancando e com dor na cabeça.
“O que nos chamou a atenção é que na verdade era uma conversa entre ela, a mãe e a babá, e ali ficava revelado uma rotina de violência que o Henry sofria. A babá fala que o Henry relatou a ela (...) que o padrasto o pegou pelo braço, nos termos ali escritos deu uma banda, que é uma rasteira, e o chutou (...) A própria babá também falou que quando quis dar banho no Henry, ele não deixou que fosse lavado a cabeça dele porque estava com dor na cabeça”, afirma.
Segundo o delegado, a mãe não comunicou a polícia que o filho era agredido, e nem afastou o menino do agressor. Ele destaca que Monique mentiu no primeiro depoimento, ao afirmar que a família vivia em harmonia. Ela não apenas se omitiu, em relação as agressões, como também sustentou a versão do Dr Jairinho.
“Depois que veio o pior resultado possível, de uma rotina de violência, justamente a morte do Henry, ela esteve em sede policial, em depoimento por mais de quatro horas, apresentando uma declaração mentirosa, protegendo o assassino do próprio filho. Então não há a menor dúvida que ela não só se omitiu, quando a lei exigia o que ela deveria fazer, como também concordou com esse resultado”, declara Henrique Damasceno. Ele acredita que Henry era ameaçado pelo padrasto para não falar das agressões com ninguém.
A delegada assistente, Ana Carolina Medeiros, disse que o casal foi encontrado na casa de uma tia do vereador, e não no endereço informado na delegacia. Ao verem os agentes o casal chegou a jogar os celulares pela janela, mas a polícia conseguiu recuperá-los. A polícia também apreendeu o celular de Thayná, babá de Henry.
Histórico de agressões
O médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior é conhecido por ser um homem agressivo. Sua ex-esposa, a dentista Ana Carolina Ferreira Neto, o denunciou em 2014 por agressões. Em exame de corpo de delito, foi constatado lesões nas pernas e no braço direito. De acordo com vizinhos, Ana Carolina era vítima de constantes agressões, e que por diversas vezes ouviram pedidos de socorro e objetos quebrando.
Quem também o acusa de agressões é uma ex-namorada. Em depoimento prestado a polícia, a moça informou que ela e a filha, na época com apenas 3 anos, foram agredidas pelo vereador. A criança chorava e vomitava, pois ficava nervosa ao ver Jairinho. A criança contou para a avó que ele afundou a cabeça dela em uma piscina, puxava e voltava a afundar. O caso está sendo apurado pela Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV).
Vale destacar que o vereador assumiu, três dias após a morte de Henry, uma vaga no Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Outro detalhe foi o fato dele ligar para um alto executivo da área de saúde, após ter dado entrada com o Henry no hospital, solicitando acelerar a emissão do atestado de óbito, evitando assim que o corpo fosse encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal).
O que também causou estranheza foi Monique ir ao salão fazer cabelo e unhas após o sepultamento do filho. Tendo em vista que ela não aceitou participar da reprodução simulada da morte, alegando, segundo advogado de defesa, que a cliente estava abalada e em grave quadro depressivo por conta da perda do filho.
As investigações continuam, mas o delegado diz não haver dúvidas sobre a morte do menino Henry. Quanto a prisão da mãe, o delegado afirma que jamais pediria a prisão dela caso percebesse qualquer possiblidade de coação por parte do Dr Jairinho.
Da equipe do Jornal My Right News
Ter acesso as informações e detalhes de todo sofrimento vivido pelo pequeno Henry é lastimável e causa pesar em todos nós. Em nome de toda equipe do Jornal My Right News, deixo aqui nossas condolências ao pai, Leniel Borel Medeiros.
Fonte: 16ª Delegacia de Polícia da Barra da Tijuca
Foto: Leniel Borel Medeiros
Disque 100 - Disque Direitos Humanos - Disque Denúncia Nacional
O Disque 100 funciona diariamente das 8h às 22h, inclusive nos fins de semana e feriados. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de proteção, defesa e responsabilização, de acordo com a competência e as atribuições específicas, priorizando o Conselho Tutelar como porta de entrada (nas situações de crianças e adolescentes), no prazo de 24 horas, mantendo em sigilo a identidade da pessoa denunciante. Pode ser acessado por meio dos seguintes canais:
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