
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, assinou na sexta-feira (26) o Decreto nº 41.842, em edição extra do Diário Oficial do DF, que determina lockdown na cidade a partir do próximo domingo (28). Segundo o governador, a medida é para evitar aglomerações e, consequentemente, a proliferação do vírus na população.
O lockdown impõe o fechamento das atividades não essenciais no DF. A justificativa para o novo fechamento é devido ao agravamento da pandemia e o risco de colapso no sistema de saúde. A decisão foi tomada após reunião com técnicos da área de saúde, que afirmam que os leitos de UTI estão com ocupação acima de 90%.
De acordo com o texto publicado pelo governo “considerando que a situação demanda o emprego urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública, a fim de evitar a disseminação da doença no Distrito Federal”. Ficam suspensas temporariamente todas as atividades e estabelecimentos comerciais e industriais. Entram na lista das proibições o funcionamento de bares, restaurantes, quiosques, cinema, teatro, academias, museus, feiras e comércio ambulante.
O Decreto exclui da suspensão serviços como: supermercados; mercearias e padarias; postos de combustíveis; comércio de produtos farmacêuticos; hospitais, clínicas e laboratórios; clínicas veterinárias; comércio atacadista; funerárias e serviços relacionados; serviços de fornecimento de energia, água, esgoto, telefonia e coleta de lixo; lojas de material de construção; e cultos, missas e rituais de qualquer credo ou religião.
Nos shopping centers será permitido o funcionamento de laboratórios, clínicas de saúde, farmácias e o serviço de delivery. Nos estabelecimentos comerciais autorizados a funcionar será proibido a venda de bebidas alcoólicas após às 20h.
O Decreto destaca que as pessoas físicas e jurídicas deverão sujeitar-se ao cumprimento das medidas previstas, sob pena de multa, interdição e demais sanções administrativas e penais, nos termos previstos em lei.
A fiscalização será exercida por uma força tarefa que reúne Polícia Militar e Civil, Diretoria de Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Mobilidade Urbana, entre outras.
Efeitos do lockdown
Para os especialistas existem questionamentos referente aos políticos e lideranças que optam pelo lockdown e isolamento social como medidas preventivas. Observa-se que, mesmo com as medidas impostas, os casos da doença crescem a cada dia, deixando o sistema de saúde sobrecarregado – algo que o Governo do Distrito Federal afirma estar acontecendo.
Há no país um fator crítico que impede o sucesso contra a proliferação do vírus, que são as narrativas criadas pela mídia que tem como objetivo minar a credibilidade e ações do governo. Além da decisão do Supremo que permite aos estados e municípios o poder para definir regras sobre o isolamento. Tais ações impedem que o Executivo esclareça de forma clara e coerente, os riscos e mudanças necessárias no comportamento da população.
Ainda de acordo com especialistas, as pessoas já demonstram fadiga em relação a seguir novas e rigorosas medidas. Sustentar um distanciamento social a longo prazo para controlar a pandemia pode não ser o mais adequado no momento, e sim incentivar, por meio de campanhas, as restrições necessárias e levar a população a assumir as responsabilidades pensando não apenas no individual, mas no coletivo.
O jargão do ‘Fique em Casa’ muito divulgado pela mídia, já não convence mais a população sofrida, que de casa, vivendo suas realidades e necessidades, se deparam com famosos flagrados em festas, eventos e viagens para belíssimas praias dentro e fora do Brasil.
Diante de tantas medidas duvidosas, vale analisar exemplos de países que deram certo em seus planos de controle. A Dinamarca se destacou por meio de suas medidas voluntárias, onde todos concordavam em assumir suas responsabilidades. Outro país que merece destaque é o Japão. Em entrevista coletiva o presidente da Associação Médica de Tóquio, Haruo Ozakio, recomendou o uso dos medicamentos Ivermectina e Dexametasona, no tratamento precoce contra o vírus. Já no Brasil, a ministra Rosa Weber enviou à Procuradoria Geral da República (PGR) uma notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro, por citar a Cloroquina como medida de prevenção contra a Covid-19.
O pós-pandemia será um momento desafiador para recuperar o que foi perdido, ainda mais para as empresas de micro e pequeno porte, e autônomos que contam com pouco capital de giro e sofrem com os efeitos de medidas de isolamento social e lockdown. Muitas empresas fecham por terem suas receitas abaladas.
O presidente da república, há cerca de um ano, tem alertado que o coronavírus é uma questão que vai além da saúde pública, pois afeta também a economia. Para quem tem seu emprego e salário garantidos todo mês é fácil ditar regras para aquele que vive a angústia das incertezas do amanhã.
Desafios

A empresária, Rosana Cavalcante, proprietária do Adenir Cortinas e Persianas, uma empresa familiar, recebeu com tristeza a notícia de que Brasília entrará novamente em lockdown. Ela conta que em 2020 teve muitos prejuízos por conta da quarentena. O serviço é presencial e muitos clientes têm receios de recebê-los em suas casas e pontos comerciais. Por precisar tirar medidas e apresentar os mostruários não é possível adaptar as vendas online. “Vamos em vários clientes e também corremos riscos. Sem contar que pagamos aluguel e no vencimento o proprietário quer receber, e não temos outra renda a não ser o da loja”, afirma Rosana.

Ela conta que a preocupação é ainda maior com o receio que as pessoas estão em gastar. Ninguém sabe como estará o cenário econômico quando finalmente acabar a pandemia. Para Rosana o melhor período do ano sempre foi janeiro, pois as pessoas costumam reformar suas casas, e consequentemente trocam as cortinas e os papéis de parede. Até o momento as vendas estão ajudando a pagar algumas contas e a alimentação. “Agora é aguardar e ver o que será decidido pelo governador. Primeiramente vamos colocar Deus a frente de tudo”, finaliza.
De acordo com o economista e trader do mercado financeiro, Paulo Paiva, alguns segmentos como as indústrias, companhias aéreas e varejo podem não conseguir se recuperar devido aos altos custos para se manterem. “Quem trabalha no ramo de alimentação, por exemplo, tomou muito prejuízo, pois perdeu todo estoque. Vale lembrar dos motoristas de aplicativo, que em sua maioria tem carros financiados, e mal conseguem pagar o combustível”.
Na opinião do economista, outro ponto sensível são os novos empreendedores que muitas das vezes estão sem dinheiro em caixa, pois investiram o que tinham para abrir a empresa e no primeiro ano tiveram que interromper os serviços por conta da pandemia. Quando finalmente alguns conseguiram voltar, são pegos de surpresa com os novos decretos de lockdown. Mal tiveram chances de se recuperar, e já se preparam para enfrentar uma nova crise, imposta pelo governador. “Muitos, para permanecer funcionando, trabalham mesmo tendo prejuízo. Não sei se todos irão aguentar uma segunda onda de fechamento do comércio, pois a maioria não conseguirá se recuperar”, explica.
Fonte: Ascom GDF; Agência Brasília
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