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  • Foto do escritorMárcia Casali

Educação em risco: Professora é demitida por ser bolsonarista

Após sofrer perseguição no local de trabalho, Adriana foi exonerada do cargo por publicações em seu perfil pessoal



Ganhou destaque nas redes sociais, um vídeo da professora, Adriana Borges da Silva, demitida do Colégio Estadual Bráulio Sampaio, no município Mata de São João (BA), por perseguição ideológica. Ao chegar para trabalhar nesta quarta-feira (8), a diretora informou de sua exoneração, e desde então a professora está impedida de entrar na escola.


Adriana conta que foi contratada em março, após passar por uma entrevista com a direção. Ao iniciar o trabalho, ela percebeu que o tratamento mudou drasticamente, não havia mais empatia, e com o passar dos dias, entendeu que o motivo de toda perseguição que estava sofrendo foi pautado em seu posicionamento político.


Segundo Adriana, ela era a única funcionária de viés conservador, e que a escola não esconde suas ideologias partidárias. E relata que houve uma articulação, entre a direção e um líder do Partido dos Trabalhadores (PT) - que não terá o nome revelado - para preencher a vaga com uma indicação dele.


“Esse líder não sai de dentro da escola, e toda vaga que surge, ele com a diretora da escola, preenchem a vaga. Entrei através do meu Currículo, que é muito bom. Na entrevista, ela disse que mandaria minha documentação para a Secretaria de Educação, mas fez de tudo para eu não entrar”.


Há nove anos, a professora realiza um trabalho específico com adolescentes portadores de necessidades especiais. Ela esclarece que não é concursada, e foi contratada por meio do Regime Especial de Direito Administrativo (REDA). Um instrumento que permite contratar agentes públicos em regime temporário, e sem a realização de concurso público. Esse contrato é de quatro anos, e só é permitido substituições, se houver um professor para o cargo, o que não aconteceu com a Adriana.


De acordo com a docente, por não terem nada que deprecie sua honra, eles fizeram um dossiê com publicações em seu perfil pessoal nas redes sociais, de apoio ao Presidente Jair Bolsonaro, e enviaram para a Secretaria de Educação da Bahia.


“Eu já tenho nove anos de educação. Saí do município por política, pois nunca apoiei o prefeito daqui. E eu pensei que a nível estadual isso não acontecia. Só que juntaram os dois e pediram a minha exoneração”, lamenta Adriana, que é divorciada, e sustenta os dois filhos com o seu trabalho.


E conclui: “Fiquei sem saber o que dizer e sem saber o que fazer. Eu não posso me conformar de ser exonerada por perseguição política. Por ter uma opinião política diferente dos demais aqui”.


Ensino ou militância?


A ideologia é um sistema de ideias, como: crenças, princípios, tradições e mitos. Em todo país observa-se um aumento de alunos denunciando professores. Muitos se apresentam como verdadeiros militantes políticos, que não sabem contra-argumentar de forma educada, sem humilhar seus alunos.


Muitos pais criam grupos no WhatsApp para trocarem ideias e informações sobre as instituições de ensino, conteúdo programático, avaliações e desabafos. São muitas reclamações, e a maioria não sabe a quem recorrer. E dependendo do bairro, tem a questão “medo”, por prezarem pela segurança de seus filhos.


Em sala de aula, espera-se que o estudante receba exemplos de cada tipo de visão, seja ela progressista, liberal, conservadora ou comunista. É necessário deixar que o aluno reflita e escolha a que ele acredita que faça mais sentido, sem impor ideologias, e em concordância com princípios familiares.


Escolas e universidades estão deixando a desejar, ao permitir militância em suas dependências. Alguns casos ganharam repercussão em todo o país, e merecem destaque.


Inversão de valores


Na Bahia, uma adolescente foi expulsa da sala de aula por questionar a professora sobre temas abordados de cunho “esquerdista”, além dos discursos de ódio dos professores. Conservadora e cristã, a estudante passou meses sendo hostilizada, e chamada de “fascista”.


Além de sofrer bullying, viu matérias tendenciosas a seu respeito, recebeu ameaças de cunho sexual e xingamentos em seu perfil pessoal. A menina trocou de escola, e o caso está na justiça. Triste em ver o que a filha sofreu, além de presenciar a professora se vitimizar e negar os fatos durante a audiência de conciliação, Meguie Couto informou que: “A Secretaria de Educação fez uma nota de apoio a escola e aos alunos. Ignorou completamente minha filha”.


Questões tendenciosas


O Deputado Estadual, André Fernandes (Republicanos-CE), fez uma grave denúncia em suas redes sociais. Ele mostrou uma prova de geografia, que foi aplicada na Escola Municipal Florival Alves Seraine, em Fortaleza, que contem ataques ao presidente Jair Bolsonaro. As opções eram depreciativas e acusatórias, e todos os alunos receberam, pelo WhatsApp, as respostas corretas, mas de acordo com a opinião do professor.


Crime de opinião


Um estudante foi hostilizado pelo professor Messias Basques, da Escola Avenues, localizada na região do Morumbi. A discussão foi gravada por um colega de sala e compartilhado nas redes sociais. O professor não gostou do aluno ter se posicionado contrário, em relação às opiniões da palestrante convidada, Sônia Guajajara - liderança indígena filiada ao PSOL.


Após concluir a palestra, foi dado aos alunos a oportunidade de fala. O jovem, não concordando com a Sônia, defendeu o agronegócio brasileiro, e a propriedade privada, para ele não é democracia, mas um roubo, tirar o que é de outra pessoa. Quanto aos agrotóxicos, que ela afirmou que estão destruindo a mata, o estudante explicou que no País é permitido utilizar três agrotóxicos; e que partidos como o dela não liberam outros mais novos que não desmatam.


Visivelmente incomodado, o professor afirmou: “Quando você entender o que é ser uma pessoa deste tamanho, lembrará deste dia com muita vergonha. Então, a minha questão é: me respeite, porque sou doutor em Antropologia. Não tenho opinião, sou especialista em Harvard. Eu não tenho opinião. Isso é ciência”.


A escola chamou o aluno de desrespeitoso, e ainda lamentou que o vídeo tenha sido divulgado de forma imprópria. Vale lembrar que o professor não tem diploma em Harvard, mas uma especialização em estudos africanos.


FONTE/CRÉDITOS: Adriana Borges da Silva e divulgação


Matéria publicada no Aliados Brasil em 10/06/2022

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